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quarta-feira, 23 de março de 2011

OS DEZ MANDAMENTOS PARA OS PAIS




1º. Diga o que a criança deve fazer, em vez de dizer "não faça isso".Educar é corrigir. Corrigir é substituir uma forma de reacção inconveniente por uma adequada. Dizer apenas "não faça isso" é dar uma ordem negativa. A criança tem prazer na acção. Para desviá-la da acção inconveniente é preciso sugerir-lhe a acção conveniente, a fim de não privá-la do prazer de agir.

2º. Não diga que uma coisa é má apenas porque lhe aborrece.
A qualificação de uma coisa em boa ou má é importante para a criança na formação das capacidades de julgamento. Não deve ser feita com fundamento apenas na tendência afectiva momentânea de quem faz. Se é má, cumpre dar a razão de modo compreensível para a criança, e esta razão deve estar na coisa em si e não no agrado que nos causa.

3º. Não fale da criança em sua presença, nem pense que ela não escuta, não observa, nem compreende.
A criança se sente objectivo da atenção dos adultos, quer quando a elogiam, quer quando a censuram, desenvolve uma excessiva estima de si mesma, que a levará a procurar essa atenção de qualquer maneira, e a sofrer quando não a consegue.

4º. Não interrompa o que uma criança está fazendo, sem avisá-la previamente.
A criança tem prazer na acção. Interrompe-la subitamente é causar-lhe violenta emoção de natureza inibidora. Se é necessário interrompê-la proceda de modo que se evite a emoção de surpresa.

5º. Não manifeste inquietação quando a criança cai, ou não quer comer, etc. Faça o que for necessário sem se agitar e alarmar-se.
A inquietação alarmada em torno de qualquer episódio da via de uma criança serve, apenas, para ampliar o tom emocional do acontecimento. Cumpre, ao contrário, considerar as coisas com naturalidade, para que nela se desenvolva a capacidade de dominar suas próprias emoções.

6º. Ocupe-se dos interesses e necessidades da criança, em vez de somente demonstrar amor acariciando-a constantemente.
O carinho físico é agradável para quem o dá e recebe, mas pode não corresponder aos interesses e necessidades reais da criança: Deus, amor, aceitação, significado, apreciação, segurança, pertencer, ensino, elogios, disciplina, etc.

7º. Vá passear com a criança, em vez de levá-la para passear.
A criança, por suas deficiências naturais, é uma dependente. Quanto mais cedo se anular em seu espírito tal sentimento de dependência tanto mais rapidamente se completará o sentimento de que se basta a si mesma. "Levá-la para passear" é colocá-la na dependência da iniciativa alheia. "Ir com ela passear" é associá-la à iniciativa e à acção, o que lhe dará mais prazer.

8º. Não faça sermões morais à criança pequena.
As expressões de conteúdo moral são incompreensíveis para a criança pequena, porque são abstractas. Os "discursos" e "sermões" que as contenham valem somente como expressão inteligível de uma estado de espírito que ela não compreende e que a alarma.

9º. Cumpra sempre as suas promessas.
Para a criança, prometer é começar a realizar. Se a promessa não se cumprir, haverá uma frustração como se a criança houvesse sido privada de alguma coisa, o que se dá em seu espírito origem à descrença.

10º. Diga sempre a verdade para a criança.
A mentira até pode ser aceita socialmente, mas para a criança é uma desilusão e destrói a autoridade como fonte de conhecimentos e fonte da verdade.


Hélder M. Gonçalves

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