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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Reprender os filhos. Até que ponto os pais podem chegar?


Hoje é comum escutarmos sobre violência doméstica nos noticiários. Precisamos de leis que incentivam o diálogo e não a violência, mas eximir os pais da possibilidade de corrigir os filhos através de um “corretivo no bumbum”, chega a ser um disparate. A questão que quero levantar é sobre a famosa “Lei da Palmada. O projeto, que ficou conhecido como “lei da palmada”, se propõe a alterar o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Nele, fica proibido o uso de castigos corporais de qualquer tipo na educação dos filhos. O castigo corporal é definido como “ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso de força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente”.
É claro que espancamento é crime, seja dos pais ou de quem quer que seja, mas a palmada jamais pode ser enquadrada neste artigo. A grande maioria das pessoas sabe a exata diferença entre a palmada e o espancamento. A palmada tem uma função educativa, enquanto que o espancamento pressupõe a violência. Chamar pais que educam seus filhos com palmadas de criminosos é um acinte.
Vivemos em um época, em que as tradições estão sendo atacadas sistematicamente, e hoje fica cada vez mais difícil a educação adequada dos filhos diante de tantas barreiras, o estado muitas vezes legisla sobre questões que não lhe compete legislar. Neste caso, os limites dados pelos pais aos filhos, através de uma palmada corretiva.
Gostaria de deixar alguns pontos para a reflexão dos pais que encontram dificuldades na educação dos filhos, e como usar a palmada corretiva de maneira adequada?
É preferível ensinar seu filho(a) sobre as coisas certas e erradas antes que ele(a) cometa esses erros, do que repreendê-lo(a) depois do erro cometido.
Ensine seu filho(a), de que eles são filhos de Deus, e portanto precisam ter um compromisso não somente com os pais naturais, mas também com o Pai Espiritual. Mesmo que os pais naturais não estejam por perto. Deus está com eles onde estiverem e vendo tudo o que fazem.
Filhos(as) maiores de 12 anos já não podem mais receber corretivo físico, pois eles possuem plenamente suas capacidades intelectuais. “Portanto, mais vale uma boa repreensão para alguém inteligente, do que cem palmadas para um tolo.”
O corretivo físico só deve ser tomado com o objetivo estritamente educacional. Jamais os pais poderão bater nos filhos como vítimas de mal humor ou problemas outros. Neste caso o filhos saberá que está apanhando pelo mau humor ou nervosismo, e não porque ele errou, isto é uma grande injustiça contra as crianças.
Devemos tomar o cuidado de não bater nos filhos(as) em lugares do corpo que prejudicam sua saúde. O “bumbum” foi anatomicamente desenvolvido com essa finalidade.
Ensine sempre o seu filho que tudo o que não é dele, é da propriedade de alguém e que é proibido pegar, que precisamos fazer uso de uma linguagem correta e bonita, e que é necessário orar ao acordar e ao dormir para termos um dia abençoado
Estes pequenos passos podem ajudá-lo(a) a melhorar o comportamento do seu filho(a).É importante salientar que devemos educar nossos filhos desde pequenos, através do diálogo e da explicação das coisas, e que é permitido a “palmada corretiva” até uma certa idade e com o único intuito de educar, concluindo que os pais devem ter controle emocional nestas horas para não tornar essa atitude antieducacional e maléfica.
Quanto a “lei da palmada”, mais uma vez o Congresso age desmoralizando a democracia neste país. O Congresso não tem a capacidade de desautorizar os pais, mesmo porque eles são incapazes de lidar com os criminosos já existentes. Não precisamos de mais jovens inconsequentes porque não receberam a educação adequada.
Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele. (Pv 22:6)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011




Educar é o mesmo que ser letrado?
“Hoje, educação é, mais do que nunca, o único sinônimo tangível para definir um futuro mais humano para as próximas gerações”. (CHALITA).


Felizes os tempos em que as portas não tinham chaves, as casas não tinham muros e os muros não tinham alarmes e nem cercas elétricas! E o homem sabia ser irmão e nele confiava ...

Quão espantoso é olhar, hoje, para as casas dos humanos, e vê-las cercadas dos mais sofisticados meios chamados de “proteção e segurança”. Porque o outro não é meu irmão. A paz e a segurança não nascem e nem acontecem pela existência destes meios. Nascem do coração do homem. Tudo o que move e leva o homem a agir nasce de dentro dele mesmo. “Não é o que entra no coração do homem que é mau, mas sim, o que dele sai”.

Os olhares, as palavras, os gestos são canais de expressão da paz que existe ou não no interior de cada pessoa. Como a paz não nasce e nem é garantida por sistemas de segurança eletrônicos, a escolaridade não garante a educação, isto é, a cidadania. Educação não deve ser entendida como escolaridade, porque não é simples conhecimento disso ou daquilo. Assim diria Exupèry (1917): “O mais importante, na construção do homem, não é instruí-lo – haverá algum interesse em fazer dele um livro que caminha? -, mas educá-lo é levá-lo até aqueles patamares onde o que liga as coisas já não são as coisas, mas os rostos nascidos dos laços divinos.”

Educação é o que eu faço com os conhecimentos e em que estes conhecimentos modificam meu modo de ser, de fazer e de me relacionar comigo mesmo, com os outros e com as coisas e com o Transcendente.

Educar é tornar a escolaridade um tempo rico de aprendizagem, para uma convivência pacífica, respeito às diferenças, o diálogo inter-religioso com as culturas e construir uma solidariedade universal na compaixão para com os homens e mulheres, meus irmãos. Educar-se, é buscar dentro de si mesmo o potencial para ser mais humano.

Logo, educar não é o mesmo que escolarizar. Há diferenças significativas entre um e outro. Educar-se é tornar-se cada dia mais aquilo a que fomos chamados desde o nascimento: filhos de Deus e irmãos uns dos outros. É ser aberto ao crescimento, reconhecendo os dons recebidos de Deus, da natureza, da família, da sociedade... Educar-se é compreender que todos têm direitos e deveres, que todos têm uma parcela de responsabilidade pela convivência humana, pelo bem comum, pela melhoria das relações humanas.

Há muitos inteligentes e conhecedores de ciências, de tecnologias, que são super-escolarizados, mas, que têm dificuldades de uma relação mais fraterna, principalmente para com quem é mais simples; não conseguem ver um irmão nos rostos necessitados, humildes, sofredores; por isso queimam um “índio pensando ser um mendigo”...

Ser educado, não depende de riqueza de bens de consumo, mas de bens humanizantes - é o que postula DUARTE: “Todos os seres humanos são educáveis, desde que se criem condições pedagógicas adequadas, (...). Tal postulado continua a ser fundamental na chamada ‘sociedade do conhecimento’, evocada por Berhens.”

Ser educado é não jogar papel pela janela do carro, é diminuir o ruído do carro e da voz nas áreas hospitalares e no próprio ambiente hospitalar; é ajudar uma pessoa em necessidade por impossibilidades físicas

Há muito catador de papel que, na humildade, simplicidade e pobreza de sua vida e do seu carrinho, mas que na dignidade de ser pessoa, cuida para que nada prejudique os outros e divide o que recebe com os mais pobres que ele.

Ser educado é não dar apelido que constrange, que fere, que diminui a dignidade de colegas, amigos. Educar-se não depende de recursos financeiros, exclusivamente, mas é ser realmente pessoa aberta ao crescimento, é um ato pessoal que depende dos valores, das atitudes e das opções que faz.

Quando o CIESC afirma oferecer “uma educação que passa pelo coração”, o faz com a certeza de que o amor educa, tece as fibras do coração humano, orienta as relações, enternece os sentimentos, desperta o coração para a ternura e compaixão para com o outro. Então, sim, todo conhecimento que passa pelo coração pode transformar-se em atitude de vida e em santidade.

Não existem santos deseducados, mas existem santos que morreram analfabetos nas “letras” do mundo, mas doutores nas “letras do amor”

Ir. Neli Faccin, ASCJ
Curitiba-PR
Autor: Ir. Neli Faccin, ASCJ