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sexta-feira, 5 de agosto de 2011




Educar é o mesmo que ser letrado?
“Hoje, educação é, mais do que nunca, o único sinônimo tangível para definir um futuro mais humano para as próximas gerações”. (CHALITA).


Felizes os tempos em que as portas não tinham chaves, as casas não tinham muros e os muros não tinham alarmes e nem cercas elétricas! E o homem sabia ser irmão e nele confiava ...

Quão espantoso é olhar, hoje, para as casas dos humanos, e vê-las cercadas dos mais sofisticados meios chamados de “proteção e segurança”. Porque o outro não é meu irmão. A paz e a segurança não nascem e nem acontecem pela existência destes meios. Nascem do coração do homem. Tudo o que move e leva o homem a agir nasce de dentro dele mesmo. “Não é o que entra no coração do homem que é mau, mas sim, o que dele sai”.

Os olhares, as palavras, os gestos são canais de expressão da paz que existe ou não no interior de cada pessoa. Como a paz não nasce e nem é garantida por sistemas de segurança eletrônicos, a escolaridade não garante a educação, isto é, a cidadania. Educação não deve ser entendida como escolaridade, porque não é simples conhecimento disso ou daquilo. Assim diria Exupèry (1917): “O mais importante, na construção do homem, não é instruí-lo – haverá algum interesse em fazer dele um livro que caminha? -, mas educá-lo é levá-lo até aqueles patamares onde o que liga as coisas já não são as coisas, mas os rostos nascidos dos laços divinos.”

Educação é o que eu faço com os conhecimentos e em que estes conhecimentos modificam meu modo de ser, de fazer e de me relacionar comigo mesmo, com os outros e com as coisas e com o Transcendente.

Educar é tornar a escolaridade um tempo rico de aprendizagem, para uma convivência pacífica, respeito às diferenças, o diálogo inter-religioso com as culturas e construir uma solidariedade universal na compaixão para com os homens e mulheres, meus irmãos. Educar-se, é buscar dentro de si mesmo o potencial para ser mais humano.

Logo, educar não é o mesmo que escolarizar. Há diferenças significativas entre um e outro. Educar-se é tornar-se cada dia mais aquilo a que fomos chamados desde o nascimento: filhos de Deus e irmãos uns dos outros. É ser aberto ao crescimento, reconhecendo os dons recebidos de Deus, da natureza, da família, da sociedade... Educar-se é compreender que todos têm direitos e deveres, que todos têm uma parcela de responsabilidade pela convivência humana, pelo bem comum, pela melhoria das relações humanas.

Há muitos inteligentes e conhecedores de ciências, de tecnologias, que são super-escolarizados, mas, que têm dificuldades de uma relação mais fraterna, principalmente para com quem é mais simples; não conseguem ver um irmão nos rostos necessitados, humildes, sofredores; por isso queimam um “índio pensando ser um mendigo”...

Ser educado, não depende de riqueza de bens de consumo, mas de bens humanizantes - é o que postula DUARTE: “Todos os seres humanos são educáveis, desde que se criem condições pedagógicas adequadas, (...). Tal postulado continua a ser fundamental na chamada ‘sociedade do conhecimento’, evocada por Berhens.”

Ser educado é não jogar papel pela janela do carro, é diminuir o ruído do carro e da voz nas áreas hospitalares e no próprio ambiente hospitalar; é ajudar uma pessoa em necessidade por impossibilidades físicas

Há muito catador de papel que, na humildade, simplicidade e pobreza de sua vida e do seu carrinho, mas que na dignidade de ser pessoa, cuida para que nada prejudique os outros e divide o que recebe com os mais pobres que ele.

Ser educado é não dar apelido que constrange, que fere, que diminui a dignidade de colegas, amigos. Educar-se não depende de recursos financeiros, exclusivamente, mas é ser realmente pessoa aberta ao crescimento, é um ato pessoal que depende dos valores, das atitudes e das opções que faz.

Quando o CIESC afirma oferecer “uma educação que passa pelo coração”, o faz com a certeza de que o amor educa, tece as fibras do coração humano, orienta as relações, enternece os sentimentos, desperta o coração para a ternura e compaixão para com o outro. Então, sim, todo conhecimento que passa pelo coração pode transformar-se em atitude de vida e em santidade.

Não existem santos deseducados, mas existem santos que morreram analfabetos nas “letras” do mundo, mas doutores nas “letras do amor”

Ir. Neli Faccin, ASCJ
Curitiba-PR
Autor: Ir. Neli Faccin, ASCJ

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